Além da Vida

sábado, 12 de março de 2011 08:58 Postado por ...Eu pré pós avesso...
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É bem como falei, se você afirma muito algo, cuidado para esse algo não ser desafirmado... E eu bem tinha dito: “deixemos isso pra lá, quando for a hora certa, resolvemos.” Mas não, a hora certa não chegou e diante do inesperado tudo se rebelou... E eu continuo aqui. Como devia ou como não devia ser, e alguém vai me tirar essa dúvida?
E disseram: ela enxerga além, e justamente por isso ela tem que ficar, para ver o futuro, os galhos criando novas folhas, as pilastras menores voltando cada uma para o seu devido lugar. E Por dias, vejo a claridade por quadradinhos minúsculos, alguns monstros em forma de pequeninos e o olhar soberbo do mal.
Mas tinha que falar, e falei, falhei, abracei-a e disse o quanto gostava dela, e eu não menti, nem omiti. Eu tinha que falar para o seu próprio bem, para o meu bem, então o inesperado aconteceu, eu vi daqueles olhos uma lágrima, duas, muitas... E ouvi um pedido de perdão e senti um coração, não deu para sacar o tamanho, mas um coração quente, pulsando sem parar, um ritmo estrondoso, cheio de coisas boas e alguma coisa má, muito má, segurando-as.
E continuei, mas sinto que não posso esperar as novas folhas, ficarei até os caules criarem forças, a raiz se fortalecer na terra, mas ficar... Bem, não posso. E ela sabe disso, eu sei que sabe. E entenderá, mesmo que para os outros se mostre arrogante, chateada... A deixarei no sono, enquanto dorme será melhor, será uma leve saída à francesa.
Sobreponho-me sobre o holocausto, a pouca idade não me retira a sobrecarga, conheço bem essas artimanhas e nada me faria voltar a não ser a minha própria vontade ou da de lá de cima. Mas agora, por enquanto, tudo anda muito certo, muito calmo, chego a estranhar a cautela dos monstrinhos, intrigante os olhares tortos e o peso que não vemos, mas sentimos como o peso de uns trocentos anos a fio.
Todos os dias quando acordo, faço uma marquinha no calendário, em cada dia e eu bem sei que eles não voltam mais, e vejo ao que o tempo me trouxe ao que ele me transformou, e não entendo porque ele me deu coisas sobrenaturais para conviver, pessoas com seus trejeitos esquisitos e seus gostos e crenças, eu não sei lidar com isso, a única coisa que sei fazer é enxergar muito as pessoas, sem os óculos vermelho que deixo toda manhã na janela do quarto.
Sempre me senti a estranha porque pareço ter um imã que atrai pessoas diferentes, aqueles que mais precisam de ajuda e não querem ser ajudados ou não sabem ser ajudados. É incrível porque isso acontece em todos os momentos, e eu não posso virar a página do calendário, e não adianta fugir, nem se esconder, eles sempre encontram você, em sonhos, pesadelos, fantasias, no ar, na TV, nos noticiários.... Sempre, eles sempre vão te achar.
E digo, eu já passei por momentos bem piores, de não querer ajudar de não querer saber de nada, de tentar tapar os ouvidos e os olhos e enfiar a cabeça dentro d’água...

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