Tom

terça-feira, 22 de maio de 2012 07:41 Postado por ...Eu pré pós avesso... 2 comentários
Hoje eu acordei e esqueci de tomar meu chá verde orgânico, que fica do lado esquerdo da cama, dentro daquele copo de olhos que me olha de lado, um olhar meio que blasé, cheio de pecado, vocês dirão: - Loucura, copos não tem vida! Mas eu lhes digo: Vocês jamais viram esse que vos falo. Ele tem olhos enormes e quando estão esbugalhados no criado mudo... Já falei que tenho medo de olhos esbugalhados? Fazem-me ter os pesadelos noturnos mais estranhos que um ser humano pode ter.
E vou lhes contar: - Dentro dele, existe um lugar chamado Nafés e um morador chamado Tom. Puxado de um duende verdinho com pintinhas arroxeadas, olhos enormes meio avermelhados, um vermelho puxando para laranja, não, não, meio amarelado, não, não meio laranjinha puxando para tom amarronzado com pitadas de amarelo mostarda, não, não, ah, deixa pra lá... Depende do ponto de vista... Usa um pijaminha com palavras indianas e solta faíscas pelas narinas com cheiro de enxofre, corça a barriga e se enche de bolotas azuis. Pela manhã pego sempre o dicionário para decifrar seu pijama, mas é sempre em vão, sempre tive medo de suas ideias.
 Um dia o encontrei em baixo da cama, me encolhi no lençol, fechei os olhos com bastante força, contei até dez e fixei a mente em algo concreto, até que por fim o senti sair com seus passos de pedra rangendo em outra, então com um pouquinho de medo, abri uma brechinha no lençol tentando o espiar só um pouquinho... Ainda o vi entrando no copo de olhos e sumindo... Tenho medo que ele volte...

20 e poucos...

07:39 Postado por ...Eu pré pós avesso... 0 comentários
...Cabe bem a você agora discernir o que é bom ou ruim, e quem sou eu diante dos detalhes que a vida te trás e trará dia após dias aí nessa decadência...
Corri uns dez quilômetros para ver o navio libra que ancorou tão distante e tão cedo se foi, para trás voltou, tarde demais. Indago se preciso. Tudo para que minha mente tenha funcionalismo, em guilhotinas... Fico até contente e meio que indecisa, Se estou bem não escrevo, se mal estou, escrevo jornais e os leio sempre na volta, no metrô.
Bem à minha frente na cadeira mais alta, aquela que ninguém percebe a diferença, uma garota range os dentes e ainda definia bem a estrutura... Velho de uns 70 anos, pele flácida, corpo caído, ossos frágeis, olhos de vidro, tudo descrito com palavras cruéis que nao cito; mas traduziam de uma beleza irrelevante que ela não via. Seus olhos o submetiam a passar para mim o mundo que carregava nas costas, uma vida enorme, essa beleza irrelevante chamada conhecimento, que escorria aos gomos, vivência das maiores, inteligência das melhores, plenitude na alma, e no avesso eu via moçoilas, pivetinhas mesmo, de seus 17 anos, rudes, ignorantes de corpo e alma, bailarinas trêbadas da vida, rebeldes de criação, e de tudo lhes faltava o mais importante. O que sobrava do outro lado da vibração sonora que chegava pelo vento que entrava pela brechinha que fazia da janelinha de cima do último vagão, e que se fazia bem distante delas, e eu só admirava.       Quase tudo de fora, pernas, braços, bocas, ouvidos e rudimentares... Perdidas nesse espaço chamado terra, perdidas e tão vazias, em quadrados chamados lugares, rindo da inteligencia e maturidade da verdadeira beleza, das marcas da vida, das rugas da alma... Ainda vão aprender que nessa vida não se pode “errar”, e toda a euforia vai passar.
 Nesse ponto de vista tão peculiar, com certeza não me seguirão. Ah, e a luzinha meio verdinha que eu via de longe toda noite em minha janela, apagou, nunca mais vi. Não sei se brilha em outras janelas, e não há nada a fazer. Não sei se vaga-lumes na noite iludida de outras formas, com aquela claridade que me cegava... Mas sei que esse, nao era seu lugar...