Tango de calçada

sábado, 29 de janeiro de 2011 09:48 Postado por ...Eu pré pós avesso... 0 comentários
Eu quero agora e quero pra sempre. E agora meu bem, em que lugar virá maldizer minha dor? Se do futuro desgastante me sufocaram a voz que desperdiçaram, e me puseram pra fora e me jogaram no chão e tiraram-me do pódio e em praça pública me saquearam, elevaram minhas roupas e penduraram meus sapatos velhos e no fogo me lançaram pra supor em mim o derretimento das geleiras, e de mim despencaram os truques, os truques de uma vida toda. E o que farei de lamúrias extravagantes que sobram de todos os demais que me entregam de bandeja suas nóias em busca de algum motivo para permanecer vivo? E o que farei com os dias mal dormidos em prol dos sóis avermelhados? E me entregam às postas e fui intimada a resolver os problemas demais e resgatá-los para mim.
Era grande o barulho da chuva, voltei molhada e o frio congelava os meus ossos, abri a geladeira e eles se desgrudaram do corpo, como se fossem de outro corpo, de outra alma, outra face, outra fase... Onde passo e onde nunca estais eu já esqueci o que me falou... Só os outros dos outros conseguem ser fugás. Adormeci...


Qual a cor dos olhos? Já não me recordo qual seu nome...
Qual seu nome?

Pulsação

09:48 Postado por ...Eu pré pós avesso... 0 comentários
Eca! Ele comeu gato frito! Exclamava o garoto gordinho, que talvez tivesse definido pela primeira vez uma classe social... E ele realmente comia gato frito enquanto meditava sobre o nada e ignorava as palavras, a luz de um fogaréu de galhos secos.
Um cara pacato, cidade grande. Um dia quis descansar e inventou uma fábula, descansar da mordomia de não ter o que vestir o que falar o que chorar o que comer, de não ter oportunidades. Faltava lhe gordura ao seu organismo e era apenas uma matéria vivente com forma primária.
Hoje lhe apareceu um maldito pirralha, burguês e cheio da gula da luxúria, gritando feito um louco, só porque acabava de ver a matéria vivente fazendo sua refeição noturna. Um gato bem frito e bem pelado, degustado até o último osso da espinha. Não sabia o que era a grande fome o pequeno infeliz.
A vontade que tinha o homem era de enfiar os caninos bem amolados no pirralha e naquela sua enorme barriga gorda, até atravessar a carne e o mandar pastar nos cafundó do sertão. Mas não ficou triste, nem irritado, conteve-se com um sopro, tudo pode mudar e sua vida estava apenas congelada, mórbida. Ele era crônico apenas.
Vingava-se dos poderosos desenhando caricaturas de seus retratos nos jornais. E já estava de alma quase voando. Mas até quando?

Clear and strong

09:45 Postado por ...Eu pré pós avesso... 0 comentários
Inserirão férula na garrafada de room com coca , quando vi sentada ao som uma velhinha, dava pra desistir de ser um moribundo, e deixar ali aquela mistura, para muitos, o reino da alegria, aquilo quando chega à cabeça, na cabeça entre as orelhas... Ah!
Aos rebentos todo meu sinto muito, mas depois de ver aquela garrafinha, Cás vai andando com a cabeça entre as orelhas. E colocaram no copo verde, mas sumiram com o chão. Encostaram as postas sobre as paredes que já pareciam moles e falantes. Aquela presença guardada que não dizia nada, aquela boa noite.
Em cinco minutos falaram demais e adormecerão, assim sem volta depois de rolarem sobre o chão, alguns sambaram e deliravam, enquanto a mistura corroia os seus juízos finais, correspondendo a prazeres vãos. Sobre a garrafa de room com coca, de coca com room, de coca com coca, com e com... Os alucinógenos sem luz e sem dia. Esvaziadas, vidas jogadas ao longe pelo chão.
Observar aquilo de longe e notar os sentimentos que flutuam enquanto se escondem nas ditas garrafadas alucinantes. Vocês e seus sentidos escritos num copo em que derretem seus truques de uma vida toda. Com o sentido da falta da terra aos seus pés, uma prece não vai te dizer, implorando para voltar ao chão. Vemos como a vida é pequena para quem não sabe viver. Quem sabe amanhã não encontrem uma idéia melhor e formulem as respostas de todas as perguntas que sobraram do céu. A terra anda virando um planeta de pessoas sensatas em extinção. Assim deixo tomar conta do meu computador e vou para longe, onde não exista gravidade para não viver nesse planeta doente, onde parte das pessoas ignora gritos de dor. Desejando um bom chá pra curar toda azia.

...

09:40 Postado por ...Eu pré pós avesso... 0 comentários
(...)
Olho no espelho e me espanto, pintura dos olhos borrada e eu sentada num canto fitando essa lona molhada, uma reflexão sobre esse meu processo, hoje, antes, intercâmbio, difusão, sentidos, experimentando assim...
Não ignoro gritos de dor, gritos da alma, que sejam ouvidos com calma, não fui eu nem Deus, não foi você, nem foi ninguém e não se tem condenação. Talvez eu faça uma canção, ciranda encontrando a cura para os meus dias mal dormidos, ou sei lá. Quem sabe não seja sobre as quatro estações das flores, como um espetáculo dividido em quatro momentos, zona de pura alegria.
De onde me vêem? Porque me olham desta forma? Eu, logo eu que sou uma normalista que não se da bem com o público, situada a desabrochar a natureza de almas. Por vezes fica difícil adivinhar essas tais coisas da vida, as flores que fazem parte de um delírio, uma obra específica, desenvolvida ao longo de uns dois últimos instantes. Assim, em silêncio.
Tanta imagem em uma cena vazia, num incessante momento de plena imaginação, parece viagem, delírio, mas na confrontação de suas teorias e práticas que se concentram, verá assim como eu. Eu tenho um sapato branco e um riso amarelo, não tenho medo e não tenho tempo. Poderíamos discutir a formação de nossa sociedade, o jogo político que nos faz reféns e principalmente o quanto temos responsabilidade sobre o que nos cerca. Creio que fica tudo mais interessante se discutirmos por metáforas, tipo um drinque interrompido por algum ruído externo que pode a qualquer instante revelar o inimigo próximo. SEQUELAS, teias cheias de ardis, essas minhas tais bobagens, mas igualmente, tudo terminará em pizza.
O humor da vida tem sido a essência das pessoas, desde a criação, captando a vibração, principal fonte de inspiração, sem métrica de rima, isso, deixo ao resto, à tradição. Fazer variados movimentos imaginários, com o miriti, pano de rede, conversas levadas na beira da estrada, ou seja, arte coletânea e lendária, isso nos faz parecer menos pó.
Agora olho para gigantes, gigantes tais que não sabem sobre seus devidos tamanhos e assim se encolhem em seus locais de fuga, seus concretos. Pobres diabos, não sabem o preço que têm.

A vida é um intervalo finito de duração indefinida. Reflexos e outras cositas más.
Delicadas lembranças...